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LIVROS PUBLICADOS

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Antologia do Poema em Prosa no Brasil 

Cotia: Ateliê Editorial, 2025

Esta antologia reúne uma centena de poetas e mais de duzentos poemas, abrangendo quase um século e meio de história literária. O mais importante, porém, é que se volta para um modelo comum na modernidade, mas pouco comentado pela crítica: o poema em prosa. Criado por Charles Baudelaire, em meados do século XIX, tornou-se uma forma de escrita em que a poesia se exime de formalismos prévios e aventura-se na expressão livre. Fernando Paixão se lançou ao desafio de traçar as linhas de força desse tipo de escrita na poesia brasileira, do século XIX à atualidade. O resultado surpreende, pois revela um panorama diferente da conhecida tradição. Modelo exaltado pelos poetas simbolistas, foi pouco praticado pelos modernistas e ganhou evidência com os autores da poesia marginal dos anos 1970, quando passou a frequentar sem protocolos os livros de poesia. No século XXI, entrega-se à autoironia e à fragmentação. Antologia do Poema em Prosa no Brasil mapeia um capítulo especial da literatura no país. E oferece ao leitor a oportunidade de descobrir um território original e insuspeito. Sem receio de mesclar prosa com poesia.

Iracema, uma poética do ritmo

Belo Horizonte: Fino Traço, 2021

Publicado em 1865, Iracema surpreendeu por sua forma híbrida, mesclando prosa e poesia, a ponto de ser qualificada de obra-prima por Machado de Assis. Para a maioria dos estudiosos, a criação de José de Alencar está associada aos debates nacionalistas da época, com vistas a entrelaçara cultura indígena com os valores europeus. No entanto, ainda hoje o texto é pouco estudado nos aspectos formais e de gênero, deixando de lado toda uma discussão sobre a sua composição poética. Fernando Paixão enfrenta o desafio e realiza uma acurada leitura da escrita alencariana, à luz da visão do poeta-crítico Henri Meschonnic. Inspirado em conceitos do autor francês, engendra uma análise inovadora sobre a linguagem, as influências e as simbologias que compõem a saga da virgem dos lábios de mel. E instiga o leitor a compreender os tópicos relevantes desta lenda em que predomina a poética do ritmo.

Fuego de los rios

Cali (Colômbia): Oveja Negra, 2021

 

“Son poemas sencillos y secretos para leer en silencio”. Fue así como cierto crítico definió la obra de Fernando Paixão, reconocido como una de las voces principales de la poesía contemporánea en Brasil. De hecho, sus versos muestran una sutileza en la construcción de imágenes y en la cadena rítmica, proporcionando al lector un efecto de síntesis e ingenio. Bajo esta mirada, surgen temas relacionados con el paso del tiempo o las marcas de la naturaleza, así como la experiencia personal rescatada desde la perspectiva de la universalidad. Esto resulta en una lírica que entrelaza materia y memoria, atenta a las aguas claras y oscuras que fluyen. Según el traductor Juan Fernando Merino: “al final de la lectura de esta compilación, sentimos que se ha producido una liberación de nuestros pensamientos, amarras que se han soltado en el trayecto a bordo de nosotros mismos, anclas de nuestras emociones heridas que ahora lanzamos al océano, ansiando el abrazo sanador de las palabras”. Fuego de los ríos, por lo tanto, nos adentra en las aguas profundas por lo tanto entendimiento poético. 

Acontecimento da poesia

São Paulo: Iluminuras, 2019

Nem sempre a poesia se encontra onde se vê anunciada. Boa parte das vezes, aliás, ela prefere calar-se — mistura-se às coisas do mundo e espera o insight, para só depois deixar-se imprimir sobre a fina película das palavras. Entre o vento e o verso, algo acontece e ainda não sabe dizer o nome. Todo poema flagra um instante. E o leitor, como participa disso? Ao ler as páginas de Fernando Pessoa, por exemplo, que rosto coloca sobre o rio das imagens? Ou, para evocar outro tema deste livro, por que o primeiro-ministro de Israel decide proibir o ensino de um escritor palestino nas escolas de seu país? E no filme de sucesso: por que o diretor explora a amizade do poeta sentimental com o carteiro? São questões desse tipo que nos fazem pensar sobre o lugar da poesia e de suas imitações baratas. Questões que também inquietaram Fernando Paixão e o instigaram a escrever alguns dos ensaios presentes. Acontecimento da poesia traz uma série de textos concebidos nas três últimas décadas, sob diferentes demandas; e inclui, ainda na primeira parte, um depoimento sobre José Paulo Paes, um testemunho sobre livro de Alfredo Bosi, além de fecunda reflexão sobre as relações poéticas entre Brasil e Portugal. Na segunda parte, os ensaios versam sobre diferentes poetas e obras, sempre com o propósito de flagrar a particularidade de cada experiência — que é singular, sem dúvida, sobretudo quando se trata de escritores como Vinicius de Moraes, Rubens Rodrigues Torres Filho, Georges Bataille, Mário de Sá-Carneiro, entre outros, contemplados com uma reflexão aguda. Na parte seguinte, é o próprio autor quem apresenta seu universo lírico, por meio de um depoimento e uma entrevista.

No conjunto, percebe-se como o olhar de Fernando Paixão se mostra sensível, sem perder o rigor, e muitas vezes envereda pelo caminho poético ao conduzir o pensamento crítico. Em suas mãos, a reflexão toma a poesia por aliada; e, juntas, levam o raciocínio mais longe. O importante, diz ele, é reconhecer na arte poética “uma intervenção simbólica vigorosa — de alto poder encantatório (ou corrosivo) sobre as coisas”.

Quando isso ocorre, estamos diante da verdadeira escrita: acontece a poesia.

Manual do estilo desconfiado: Máximas sobre a arte de escrever

Cotia: Ateliê, 2017

 

“Desconfio que este livro do Fernando Paixão vai dar o que falar, e o que escrever. Pelo seu ineditismo – não existe nada parecido, que eu saiba, por aí – e pelo seu estilo ao tratar da criação literária, das armadilhas e dos maus hábitos (e bons exemplos) do texto. Paixão fez um precioso manual tanto para aspirantes quanto para praticantes da arte da escrita.” [Luis Fernando Veríssimo]

Porcelana invisível (poemas)

São Paulo: Cosac Naif, 2015

Os artífices da porcelana ensinam que ela é impermeável e translúcida. Distingue-se de outros produtos cerâmicos, a faiança e a louça, pela sua transparência e resistência bem logradas pelo altíssimo aquecimento da sua preparação. Para Fernando Paixão a metáfora do título, que remete a palavra à poesia, vai mais longe. A relação da palavra lírica com a prosa da vida é não só translúcida como recebeu o dom da ubiquidade peculiar às presenças fortes embora invisíveis. A intuição profunda de que a poesia habita em tudo, na Natureza e na História, nas pessoas e nas coisas, dá unidade a este livro que enfeixa poemas escritos em tempos diversos: “Uma fileira de palavras renasce nas mãos, a maneira breve de quem toca um instrumento”. A unidade que aqui se reconhece não deve buscar em eventuais recorrências de temas e motivos. Trata-se, antes, da presença de uma visada comum, um exercício de percepção do mundo capaz de abraçar tanto a evocação do encontro amoroso (“Morena”, “Convidados”, “Acompanha-me”...) como a escuta das águas e da folhagem absorvendo o tempo histórico (“Escuto”). O que importa é penetrar os momentos fugazes do cotidiano com a lente pura da intuição . O que importa é trazer ao contato da pele e da “mão que respira” a relva do jardim e a paisagem sem fronteiras. O que importa é escavar, por dentro e por fora, a sensação de perplexidade que desperta no poeta e no leitor o enigma do mundo. E quanta leitura e releitura merece o fecho de um poema de ressoos existenciais, “Escolha!”: “reino/ de seixos/ sem nexo:// por onde/ seguir/ caminho?” O que vale aqui é descobrir no vazio a plenitude do ser. Uma lírica da matéria e da memória, que já se delineava claramente em Poeira, completa o perfil do poeta Fernando Paixão. [Alfredo Bosi]

Arte da pequena reflexão: poema em prosa contemporâneo

São Paulo: Iluminuras, 2014

 

Este livro apresenta uma ampla reflexão sobre a natureza intrínseca do gênero do poema em prosa a partir da análise de alguns autores contemporâneos. Seu autor - o poeta Fernando Paixão -, parte do pressuposto de que a indagação sobre as qualidades e os procedimentos desse tipo de escrita permite delinear conceitos em torno a um tema próximo do paradoxal. Como definir o poema em prosa? Que tipo de linguagem prioriza? Quais são as características do gênero? Dúvidas naturais que antecedem o juízo sobre qualquer texto inserido nessa atmosfera. Para contornar a abrangência do assunto, Paixão segue uma linha de abordagem que seleciona e desenvolve alguns aspectos teóricos, sempre acompanhados da análise de poemas significativos. Com isso, o texto torna-se menos árido e chama a atenção para certa produção recente, tirando o assunto da zona de “invisibilidade” em que se encontra, no contexto da crítica literária brasileira. Na introdução, são apresentados três pontos que se complementam e oferecem a base da discussão posterior: a (in)definição do poema em prosa; as origens francesas; Baudelaire e sua obra-prima, Petits poèmes en prose (1869). Sem a pretensão de ser panorâmico nem aprofundado, dá preferência à tradição francesa, por ter sido a mais vigorosa no plano internacional e a de maior influência em língua portuguesa. A Parte I do livro dedica-se aos tópicos de linguagem e composição. Noções como metonímia, fragmento, narração, descrição e ritmo são consideradas, à luz do gênero, como forma de capturar a dinâmica interna do poema em prosa. Ao se compreender a especificidade desses recursos, amplia-se também o entendimento dessa poética. Já a Parte II volta-se para ler e interpretar a tensão lírica, tal como aparece em alguns autores contemporâneos e com produção consolidada. Poemas de Herberto Helder, Charles Simic, Yves Bonnefoy e de outros escritores são evocados para ressaltar um ou outro aspecto teórico, ao mesmo tempo em que exemplificam a produção das últimas décadas. Ao longo desse roteiro, Arte da pequena reflexão: poema em prosa contemporâneo mescla teoria e análise poética, em boa dosagem, capaz de articular uma visão abrangente sobre o gênero, articulando-o com a sensibilidade do nosso tempo. Ao tratar de um tipo de escrita pouco abordado e de escassa bibliografia crítica, este livro contribui para resgatar a importância do tema e colocá-lo em pauta.

Palavra e rosto (poemas)

Cotia: Ateliê, 2010

Que o ato da poesia se estende para além das palavras, isso já é senso comum. Mas pouco nos perguntamos sobre o que acontece nesse espaço de bruma em que sucede a criação. Fernando Paixão se propôs a interrogar esse intervalo. Como? Decidiu registrar livremente algumas situações, devaneios e reflexões, surgidas a partir de estímulos marcantes ou até banais. Aos poucos, Palavra e Rosto foi ganhando unidade em torno ao tema da poética, resultando em um livro de molde pouco convencional, sem receio de aproximar o raciocínio estético ao lirismo, alcançando com essa união uma carga literária incomum.

A parte da tarde (poemas)

Cotia: Ateliê Editorial, 2005

Um pássaro que pensa – essa foi a ideia de Fernando Paixão ao deparar com uma gravura feita pelo amigo e artista Evandro Carlos Jardim. Assim surgiu A Parte da Tarde, um livro em formato de sanfona, com estilo exato e conciso. Para Ferreira Gullar, o poeta “teve de inventar uma tessitura de palavra e silêncio para tentar dizer o indizível – uma fala que, na verdade, diz não o que a gravura diz, mas precisamente o que ela não diz e que só a palavra, por não ser gravura, pode dizer”.

Narciso em sacrifício: a poética de Mário de Sá-Carneiro

São Paulo: Ateliê, 2003

O português Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) é um escritor de obra curta, mas fatal. Poeta suicida, criou uma obra altamente original, de grande brilho metafórico. Seu estilo marcante e singular é capaz de sugerir uma sensibilidade sem centro, dispersa em múltiplas funções. Neste estudo, o editor e poeta Fernando Paixão realiza uma fecunda reflexão sobre a obra de Sá-Carneiro, inserindo-a no contexto histórico e literário da estética moderna.

Poeira (poemas)

São Paulo: Editora 34, 2001

 

Memória e cotidiano constituem a matéria temporal de Poeira, quarto livro de Fernando Paixão. Dividida em duas partes, "Os dias" (com poemas autônomos) e "Poeira de aldeia" (um poema em 14 fragmentos), esta obra alia a percepção subjetiva do mundo ao interesse por temas universais - a guerra, a morte, a nostalgia da infância -, captando aspectos sutis da experiência humana, quando a poesia se faz próxima do silêncio.

Momentos do livro no Brasil

São Paulo: Ática, 1996

 

Este livro trata de um importante capítulo da história brasileira, colocando em cena as principais editoras, homens e livros que desenvolveram a atividade editorial do país nos últimos cem anos. Da virada do século, que assistiu ao lançamento das primeiras edições nacionais pelas casas Garnier e Laemmert, às novas iniciativas, como a de Francisco Alves, que abriram espaço para o pioneirismo de Monteiro Lobato. Da década de 30, que viu florescer um novo espírito editorial com os empreendimentos de Octalles Marcondes, José Martins e José Olympio, aos anos 60,quando homens como Ênio Silveira e Jorge Zahar fizeram da edição de livros uma forma de resistência ao autoritarismo. Da renovação do setor, na década de 70, às conquistas da atual indústria editorial brasileira, que ocupa o respeitável lugar de sétima do mundo.

25 azulejos (poemas)

São Paulo: Iluminuras, 1994

 

Em 25 azulejos é notável uma profunda reparação do sujeito lírico em sua esfera íntima, como se as relações objetivas fossem necessariamente relações de força, das quais é imperativo subtrair-se. Negar o insatisfatório não assegura, porém, a afirmação de outras formas mais harmônicas de convivência, e a experiência individual parece localizar-se aqui entre "o extravio do público e a impotência do privado", para mencionar a sugestiva fórmula de Heidegger. Esta situação faz com que, no primeiro instante, prevaleça no livro não a figura de uma poética e sim de um poeta - o “solista”. Tal confluência entre solidão e canto permite uma primeira abordagem da poesia de Fernando Paixão: transfigura a vivência concreta ao recolocar nexos mais abrangentes numa busca incessante de afirmação da integridade a todo instante aviltada. O tom elegíaco de grande parte dos poemas deve-se à atmosfera de luto que envolve as experiências básicas do sujeito: o amor, a amizade, a introspecção autobiográfica, a relação com a natureza e a cidade, marcante no livro. Evidentemente, esta atitude implica, além de valores, procedimentos para a criação poética, que se realiza aqui em tom elevado, infensa à ironia e ao humor tão frequentes em nossa poesia recente. A dimensão lírica dilatada aparece como virtude e problema na poesia de Fernando Paixão, e as tensões entre o que parece ser espontaneamente poético e o esforço meticuloso de composição percorrem todo o livro. A ideia de trabalho “extenuante” para capturar no entanto o que é mais simples (“o círculo puro”) já se encontra no pórtico do livro, em um de seus mais belos poemas - “Nadador”. Em consonância com o título, a forma adotada para os poemas é fixa em onze versos, mas permite em seu interior um sem-número de variações. Trata-se de uma proposta de contenção que prossegue, em outros termos, as experiências do poeta em seu livro anterior - Fogo dos Rios (Brasiliense, 1989). A “tempestade entregue aos dicionários” ou a codificação rigorosa do material bibliográfico colocam 25 azulejos no centro dos problemas de nossa poesia atual, à procura de uma síntese entre a assepsia da forma e as “umidades” da vida corrente.

Fogo dos rios (poemas)

São Paulo: Brasiliense, 1989

 

O mundo é infinito e eterno: nele e com ele, o tempo é infinito e eterno, mais instantâneo para cada ser efêmero: Fernando como que nos diz que sua poesia é instantânea efêmera, pois que deu um ser efêmero para outro ser efêmero. Sua eternidade está em que pode oferecer se com uma tal pureza, com tal despojamento, com tal coragem e com tal música das esferas e Ritmo dos Sonhos, que a ninguém caberá atribuir-se mistérios, além dos mistérios naturais. E - no mais trivial ao do dia-a-dia - Fernando Paixão nos oferece um dizer e fazer poéticos tão lúcidos e tão limpos que, longe de Heráclito ou sem Heráclito, é uma aventura para o leitor conviver com esta voz. [Antonio Houaiss]

O que é poesia

São Paulo: Brasiliense, 1982

 

Sabendo que o sentir é uma forma superior do conhecer, Fernando Paixão optou por excitar a sensibilidade do leitor para assim abrir o caminho em direção a poesia. (...) Como os místicos medievais, os surrealistas e os poetas da beat generation, o autor fala no alargamento do campo da percepção, da ampliação da consciência como forma de entender a realidade da poesia. Ler com os ouvidos, com o nariz, com a boca, ler com a pele, sugere ele, mas sobretudo ler poesia sempre e cada vez mais. [Antonio Fernando de Franceschi]

Rosa dos Tempos

São Paulo: Edições Pau Brasil, 1980

Dia brinquedo (poesia infantil)

São Paulo: FTD, 2020 (2ª edição)

São Paulo: Ática, 2004

 

Imagine o que acontece quando um poeta sensível e brincante encontra uma ilustradora alegre e peralta. Palavras e desenhos passam a dar nó em pingo dágua, a lançar trapezistas no ar... e a fazer seu dia, leitor, virar um delicioso brinquedo.

Poesia a gente inventa (poesia infantil)

São Paulo: FTD, 2019 (2ª edição)

São Paulo: Ática, 2006

Uma tartaruga com soluço. Uma cobra de três cabeças. Um pescador que trocou o anzol pelo ponto de interrogação. Uma menina que escreve os nomes usando um conta-letras. Poesia a gente inventa está cheio de personagens curiosas e divertidas. Fernando Paixão se mostra (e deixa o leitor) encantado com o olhar infantil, com a lógica surpreendente e implacável das crianças. Mas tem mais: versos sobem e descem na página, criam imagens no papel e em nossa cabeça. E, assim, na brincadeira, piscando o olho pra gente, o poeta nos puxa para dentro do livro. Adultos e crianças: estamos todos convidados para curtir as rimas, mergulhar no ritmo, saborear os jogos de palavras. É hora de inventar poesia! [Léo Cunha]

As amigas e as sombras (poesia infantil)

São Paulo: Scipione, 1990

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